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A família dos canabinóides é vasta (existem mais de 100 substâncias diferentes!) e reserva-nos muitas (boas) surpresas. A este respeito, alguns investigadores concentraram-se num canabinóide nem sempre familiar aos aficionados, o canabinol (CBN).
Por uma vez, podemos estar a assistir ao início de uma descoberta promissora...
Depois do THC, CBD e CBG: CBN
Para muitas pessoas, os efeitos da cannabis sativa resumem-se à ação da dupla THC/CBD. É a proporção de THC/CBD que diferencia o cânhamo terapêutico (menos de 0,2% de THC, média de 4% de CBD) da canábis recreativa, que pode conter mais de 10% de THC.
Apesar disso, seria uma pena (e incorreto) dar-lhes todo o crédito.
Por exemplo o canabigerol (CBG)presente em apenas 1% das plantas de canábis maduras, é simplesmente essencial para a síntese da nossa dupla vencedora, pois é o seu precursor. Veja como todos os canabinóides têm um papel a desempenhar!
O CBN está também presente em quantidades muito pequenas nos tricomas das flores. No momento da floração, e mesmo logo após a colheita, poder-se-ia mesmo dizer que a sua concentração é infinitesimal. É apenas quando as flores entram em contacto com o oxigénio, ou seja, quando se oxidam, que o nível de CBN é apreciável.
De facto, o CBN é nada mais nada menos do que a versão oxidada do THC...
CBN, um parente próximo do THC?
CBN: descendente direto do THC
O CBD e o THC têm uma origem comum: são ambos sintetizados a partir do CBGA (a versão ácida do CBG). É por esta razão que o CBG é por vezes designado por célula estaminal.
O CBN não tem nenhuma ligação óbvia com o CBG. Além disso, ao contrário da nossa dupla CBD/THC, não é sintetizada durante a floração. Como dissemos, o CBN ocorre durante a oxidação da flor.
Como todas as moléculas em contacto com o oxigénio, a estrutura química do tetrahidrocanabinol (THC) altera-se. Especificamente, perde alguns átomos de hidrogénio... quatro, para ser exato.
De C21H30O2passa a C21H26O2, que não é outro senão o nosso famoso CBN. A propósito: tetrahidrocanabinol.
Uma identidade química muito diferente!
Colocadas lado a lado, estas duas fórmulas químicas quase nos obrigariam a dizer que a CBN é uma versão suave do THC. Mas isso seria precipitarmo-nos...
Os efeitos psicotrópicos do THC são bem conhecidos e, inevitavelmente, a questão que se coloca a todo o sector é: o CBN tem também um efeito eufórico, intoxicante e relaxante?
Não. O que é uma boa notícia, porque isso faz dela um canabinóide legal. E tal como o nosso querido CBD, é graças à sua natureza "não psicotrópica" que os seus efeitos e aplicações terapêuticas estão a atrair o interesse dos investigadores.
O THC e o CBN são de facto duas substâncias diferentes. Para o olho destreinado, isto pode não parecer óbvio, mas quando estão no nosso corpo e sujeitas às complexas reacções químicas que ocorrem, verifica-se que os seus efeitos são fundamentalmente diferentes.
Como é que a CBN se comporta no nosso organismo?
A sua ação no nosso sistema endocanabinóide
Para compreender a forma como o CBN actua uma vez no corpo, precisamos de compreender o mecanismo do sistema endocanabinóide (ECS).
O SEC é um sistema de comunicação intercelular com o qual todos os fitocanabinóides reagem.
Por outras palavras, trata-se de uma rede de receptores. Estes receptores, denominados CB1 e CB2, estão presentes em todo o corpo e ajudam a manter o equilíbrio das nossas funções biológicas.
Embora poucos de nós estejam realmente conscientes da sua existência, o SEC desempenha um papel crucial no bom funcionamento do nosso metabolismo. Entre outras coisas, regula a temperatura corporal, o pH e a coordenação motora.
Sistema endocanabinóide, porque se trata de um mecanismo endógeno, o que significa que produzimos naturalmente canabinóides : anandamida e AG2. E é por isso que a investigação sobre os fitocanabinóides é tão promissora... O nosso organismo está, de facto, "programado" para os absorver.
Mas fechemos o parêntesis. Vejamos de imediato o que sabemos sobre o comportamento da CBN.
A sua afinidade com os receptores canabinóides
Como já dissemos, o nosso ECS é constituído por dois receptores principais: CB1 e CB2. Os canabinóides, que actuam como neurotransmissores, têm mais ou menos afinidade com um ou outro, dependendo da sua estrutura química.
O THC é conhecido como um agonista CB1, porque estimula as respostas biológicas controladas por este recetor. Como deves ter adivinhado, estas incluem os efeitos eufóricos sentidos.
O CBN, por outro lado, parece ter mais afinidade com o CB2. Como alguns de vós devem saber, o CBD é também um agonista do CB2. Consequentemente, as potenciais aplicações terapêuticas do CBN são semelhantes às atribuídas ao CBD.
O que é que sabemos sobre os efeitos da CBN?
Os (poucos) estudos efectuados sobre a CBN
Como todos os canabinóides, a CBN foi até agora objeto de muito poucos estudos. Devido ao seu baixo teor e à especificidade da sua síntese, a CBN raramente é isolada e estudada de forma autónoma.
👁️
Pensa-se que o CBN tem um efeito vasodilatador
Por exemplo, sabemos que o CBD e o CBN actuam em conjunto para reduzir a pressão ocular.
💊
É um analgésico
com propriedades analgésicas reconhecidas. O cânhamo é utilizado para este efeito desde a Antiguidade.
🦠
Antibacteriano
Outros estudos sublinharam as propriedades antibacterianas dos canabinóides. E, mais uma vez, uma das substâncias citadas é o CBN.
Noutras ocasiões, os efeitos do CBN são estudados em conjunto com os do THC. É o caso deste estudo, que mostra que o THC e o CBN podem ambos aumentar o apetite. Um outro estudo clínico sobre o efeito do THC em pacientes que sofrem de esclerose lateral amiotrófica aborda os efeitos terapêuticos do CBN, que se pensa atuar em sinergia com o THC.
Existe um único estudo em que o CBN tenha sido isolado?
Sim, um (tanto quanto sabemos), mas não menos importante, pois parece que a CBN é capaz de atuar ao nível da morte celular programada, um processo biológico que antagoniza a degenerescência celular, ou seja, os tumores e os cancros.
A CBN é um sedativo: facto ou ficção?
Alguns de vós já devem ter ouvido dizer que o CBN é o canabinóide responsável pelo efeito sedativo da canábis. Parece que certas variedades, conhecidas pelo seu efeito "down", têm uma concentração mais elevada de CBN do que as da família "high".
Mas quando se trata de canábis, como em todas as áreas, é difícil distinguir a verdade da mentira. Especialmente porque, neste caso, a resposta não é tão óbvia como poderia parecer.
Para ter a certeza, um grupo de cientistas decidiu investigar. Cinco voluntários consumiram sucessivamente THC sozinho, THC + CBN e CBN sozinho. Os resultados foram os seguintes:
Conclusão: o CBN não é o canabinóide responsável pelo efeito sedativo de certas variedades. É o THC que induz este estado. Por outro lado, o CBN reforça a ação do THC.
O que é que sabemos sobre os efeitos da CBN?
Sabemos que o CBN desempenha um papel importante em todos os efeitos terapêuticos observados com o CBD e o THC. Mas, no que diz respeito à sua ação específica, "apenas" o aspeto anticancerígeno está a ser realmente explorado neste momento.
No entanto, o mundo dos fitocanabinóides está a atrair cada vez mais a atenção dos investigadores. É apenas uma questão de tempo até que a loucura se instale, mesmo para os canabinóides mais discretos.
No que diz respeito à CBN, alguns operadores externos estão já a trabalhar numa variedade com uma maior concentração de canabinol, o que torna a sua aplicação mais interessante de um ponto de vista prático e económico.
Alguns produtos estão atualmente no mercado com concentrações de CBN próximas dos 5%. Como sempre, e como em tudo, é melhor informar-se sobre tudo o que puder antes de fazer uma encomenda.
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